19.6.06


O ENAMORADO, técnica mista sobre cartão, Daniel Barbosa, Alagoinhas-Ba, 2000. O sexto Arcano é inspirado na mitologia. O herói Hércules, filho do poderoso Zeus e educado pelo mais sábio dos centauros, Quirão tem de decidir algo que será determinante para o seu futuro. O bem e o mal; a pureza e o vício, o trabalho e a preguiça estão ali representados por duas lindas jovens que lhe mostram caminhos e vantagem diferentes. A mulher modestamente vestida promete apenas coisas morais, enquanto a outra, sedutora, oferece o prazer. As cores da bacante - vermelho, verde, amarelo e azul - são vivas e mexem com o seu lado humano. A virtude leva roupas azuis e verdes. O verde é a cor simbólica atribuída a Vênus, a deusa do prazer e da sedução. O amarelo representa o dinheiro e os sentimentos negativos que geralmente o acompanham. O ciúme e a inveja. O cupido do céu relaciona o iniciado com o signo de sagitário.
A CARRUAGEM, técnica mista sobre cartão, Daniel Barbosa, Alagoinhas-Ba, 2000. O caudilho conduz o carro triunfante. Tem reconhecido o seu valor reproduzindo o comportamento do guerreiro romano, já que a ele estava dedicado o carro que o faria dar a volta ao Capitólio, como reconhecimento público de seu valor militar. O sétimo arcano representa a segurança e a superação de obstáculos praticamente intransponíveis. O escudo vermelho representa a luta e o protege das tentações materiais. O azul se refere ao componente intelectual e espiritual do personagem. O guerreiro obteve a vitória sobre os instintos e as emoções. A esquadra maçônica representa a ordem universal, sinal das verdadeiras intenções do vencedor. Apesar de sua aparência dominadora e belicosa, o guerreiro não aspira ao poder material e sim ao aperfeiçoamento moral. As três pedras da coroa real simbolizam a conciliação do corpo, da alma e do espírito. O número sete é o número da perfeição e da integridade de uma série. Sete são os dias da semana, sete são as virtudes e sete os pecados capitais. Assim como sete são as notas musicais, as cores do arco íris, e os planetas conhecidos pela astrologia antiga, isto é, antes do descobrimento de Urano, que aconteceu no século XVIII. O cavalheiro personifica o sol e o carro era o veículo que o transportava nas diversas culturas: Osíris, Surya, Hélios corta cada dia o céu. Existe por acaso alguém mais poderosos que o sol? Ele luta e aniquila os demônios da escuridão. Graças à sua caminhada diária, os anos e os séculos podem terminar. O número três simboliza o triângulo; representado pelo rei e os dois cavalos somados às colunas, acabam por completar o sete novamente. O sete é o número mágico por excelência.
A JUSTIÇA, técnica mista sobre cartão, Daniel Barbosa, Alagoinhas-Ba, 2000. Seu rosto severo e imóvel, porém, sorridente representa a deusa grega da justiça. A espada de dois gumes representa a fatalidade destinada a restabelecer, com a pena ou com prêmio, o equilíbrio perdido. Na mão esquerda segura a balança que pesa e quantifica os erros cometidos. A carta representa o equilíbrio entre bem e o mal; a razão e a consciência; o macho e a fêmea; a luz e a escuridão. O triunfo da verdade, mesmo que difícil de aceitar, e muitas vezes desagradável. O número 8, que é o resultado da multiplicação de quatro vezes dois, simboliza a estabilidade e a eternidade obtida pela convivência dos opostos. Oito é o número do planeta mais frio e longínquo, Saturno. O mais rigoroso e velho, o senhor da disciplina, da razão e da lógica é sintetizado por este arcano. A justiça é má para os maus e boa para os bons. Cada um colhe o fruto do que plantou. Somente o que merece.
O EREMITA, técnica mista sobre cartão, Daniel Barbosa, Alagoinhas-Ba, 2000. Como conhecedor do passado, pode ajudar no futuro. O velho sábio anda lentamente na mais absoluta solidão. Controla com o bastão as energias instintivas do universo para que as mesmas não se tornem destrutivas. Leva também um pequeno lampião, que ele recobre com a capa para que não fira os olhos dos andarilhos pouco habituados ao saber. Por fora, a capa é vermelha como a terra e, por dentro, azul, simbolizando o ar.
A RODA DA FORTUNA, técnica mista sobre cartão, Daniel Barbosa, Alagoinhas-Ba, 2000. O décimo arcano representa a natureza cíclica dos ritmos universais. O dia que se alterna com a noite, os movimentos planetários e as fases da lua. A subida e a queda estão representadas pela roda. O enxofre e o mercúrio representando respectivamente, o masculino e o feminino. O fogo, a água, o ar e a terra são representados pelas quatro cores: vermelho, azul, verde e amarelo. O número dez simboliza o indivíduo e a sua capacidade de realização.

15.6.06

NÃO PASSAMOS DE CARTAS DE BARALHO Começo a postar aqui as cartas do Tarô que pintei em 2000. Não gosto de usar o Tarô como oráculo, mas como portas para a descoberta de si mesmo. Um caminho, não um salto. Prefiro usa-lo como mais um passo. Meu interesse pelas cartas do Tarô começou quando li o livro de Jung sobre o assunto. Adoro os desenhos das cartas tradicionais de Marselha, de onde me baseei para criar essas, usando um pouco mais de liberdade em algumas cartas, tentando criar algo baiano, Alagoinhense. Espero que gostem. Logo logo posto os outros.
O TOLO, técnica mista sobre cartão, Daniel Barbosa, Alagoinhas-Ba, 2000. Última carta do tarô que também pode ser considerada a primeira. Se examinado superficialmente o seu papel é nulo. É um ser irresponsável, inconsciente e passivo que se arrasta de maneira irracional. O chapéu de bufão indica incoerência e multiplicidade. O louco é um aviso a não abandonar a razão já que o infinito nos faz esse convite. A lição do louco é uma evolução exclusivamente interior que renunciou aos bens materiais e à ambição. É o mesmo homem que iniciou os arcanos maiores, o louco é a voz da verdade, só que livre das convenções sociais.
O MAGO, técnica mista sobre cartão, Daniel Barbosa, Alagoinhas-Ba, 2000. O Mago empunha com a mão esquerda a vara de condão (que significa o Fogo Divino, o início de uma ação, movimento ou ciclo), enquanto assinala com a direita os instrumentos de seu ofício: o copo, símbolo do elemento Água e da sabedoria; a faca (ou espada), símbolo do elemento Ar e da coragem; e os dados, que com sua forma geométrica regular simboliza a estabilidade do elemento Terra, assim como seu caráter constritivo. Em sua roupagem predomina o vermelho, cor da atividade, do impulso juvenil, da energia. Seu chapéu sugere a figura da lemniscata (o oito invertido), simbolizando o infinito. No alfabeto hebraico representa a primeira letra alef, ou alfa, a qual a figura do mago parece sugerir com o movimento de seus braços. O Mago representa, em suma, o enfoque cognitivo ocidental, a expansão da consciência pela tentativa e erro, na direção do conhecimento do mundo exterior. É o impulso gerador, tipicamente masculino, ao mesmo tempo guerreiro e criativo.
A PAPISA, técnica mista sobre cartão, Daniel Barbosa, Alagoinhas-Ba, 2000. A Sacerdotisa (ou Papisa), segundo Arcano Maior, representa o mistério, o conhecimento oculto, feminino. Desde a antigüidade está associada ao desenvolvimento através da intuição, da introspecção e do sentimento, apesar de a cultura e religiões ocidentais enfatizarem o desenvolvimento através da razão e da atividade material (arquétipos tipicamente masculinos). Sua indumentária (azul e carmim no tarot de Marselha) representa a espiritualidade, o elemento Água, a energia do Amor-Sabedoria (o Segundo Raio, na tradição esotérica). Representa ainda a Maternidade, Géia (Mãe Terra), ou ainda a Grande Mãe Cósmica. A figura da Papisa está astrologicamente associada à Lua, luminar que regula a emotividade e a vidência, os saberes noturnos (iniciáticos), portanto acessíveis a apenas alguns poucos. No alfabeto hebraico relaciona-se à letra bet, ou beta. Desta forma, de modo a levantar o véu que lhe encobre a cabeça, (a tela que lhe envolve o busto no baralho de Marselha) é necessário percorrer o caminho interior, não através do aprendizado nos livros, dos métodos racionais, mas através da intuição, dos caminhos do inconsciente (e posteriormento do eu-superior), e, finalmente, através dos ritos e dos ritmos.
A IMPERATRIZ, técnica mista sobre cartão, Daniel Barbosa, Alagoinhas-Ba, 2000. Terceiro Arcano Maior, a Imperatriz representa a figura da Virgem para os Cristãos, e a Vênus Urânia para os gregos antigos. Sua figura alada remete ao plano mental (elemento Ar), representando assim a rapidez intelectual. Simbolizada pela coroa e pelo cetro, a superioridade intelectual é a via de elevação que este arcano representa rumo às regiões de perfeição arquetípica da humanidade. Associada à autoridade representada pelo vestido vermelho está a serenidade vinda da consciência de sua própria condição interior, do conhecimento adquirido através dos ciclos de experiência da alma (as doze pedras preciosas da coroa representando os doze trabalhos de Hércules e as doze casas zodiacais). Figura feminina como a da Sacerdotisa, a Imperatriz distingue-se desta última no sentido de que sua fecundidade está mais relacionada ao desenvolvimento mental (a Virgem), enquanto aquela está associada à fecundidade material e anímica (a Mãe). A Imperatriz representa portanto o Terceiro Raio (Inteligência Ativa), ao impulso intelectual de estruturação. No alfabeto hebraico representa a letra guimel, ou gama.
O IMPERADOR, técnica mista sobre cartão, Daniel Barbosa, Alagoinhas-Ba, 2000. O quarto arcano do tarot representa o Senhor do Mundo em seus aspectos concretos. Simboliza a estabilidade do quadrado, dos Quatro Elementos, dos quatro signos fixos do Zodíaco, etc. Com a mão direita empunhando o cetro, símbolo do poder, também presente no emblema da águia que se vê estampado no escudo a seus pés, imagem o Imperador resume a autoridade e domínio sobre os mundos material e espiritual, que se conjugam harmonicamente no equilíbrio dos elementos. O Imperador simboliza portanto o Quarto Raio (a Harmonia). No alfabeto Hebraico o Imperador está relacionado à letra dalet, ou delta.

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