23.4.04

CONFUSÃO CRIATIVA¹ Quando começo a pintar um quadro, a minha intenção é sempre criar um mundo de sonhos, um mundo fantástico onde meus personagens possam habitar. O observador tem o convite para entrar na obra e poder vislumbrar essa nova realidade. A necessidade é sempre de “Tornar visível”². Vivendo nessa época caótica, fragmentada, violenta, onde a mídia sensacionalista nos bombardeia 24 horas com imagens multicoloridas, chocantes, desconcertantes, carregadas de significados psicológicos. O que pretendo quando pinto um quadro é gerar para o observador um mundo onde tudo é permitido e a morte não existe - uma parábola de realidade em que gostaríamos de viver. Um mundo feito de cores e formas, elementos esses, que são os próprios personagens que povoam esse universo: sóis, flores, árvores, pessoas, animais, naves espaciais, planetas, Seres híbridos, estrelas, luas, cometas, tudo pode ser o que o leitor quiser (entenda-se leitor, porque pinto como quem escreve, contando uma história, uma história fragmentada como as de Joyce). Sou um Escritor/Pintor seguindo a Escola de escritores fantásticos como Borges, Cortázar, Umberto Eco. As portas de minhas Obras Sempre estão abertas. O leitor/observador tem passe livre para ver/ler o que quiser. Tudo é real dentro do Mundo dos Sonhos. Os Personagens são aqueles que eu vi durante toda minha vida: Os garotos das ruas de Alagoinhas, os loucos, os pedintes, os trens da Leste, as meninas voltando do colégio, os paralelepípedos, os garis, as igrejas, os colégios, os cartazes, as revistas em quadrinhos, os livros usados, a TV, os personagens de outros quadros que fazem uma viagem e vem brincar nos meus - o super-homem de Mestre Floriano, as figuras híbridas de Eduardo Boaventura, as doces personagens de Luís Ramos, o figura soturna pintada com poucas pinceladas de um quadro de Antonio Lins. As cores vêm do inconsciente. A escrita é automática, como os surrealistas. O contraste entre as cores complementares cria a harmonia caótica, equilibrista no fio da navalha. Contraste é Amor². Yin & Yang, preto & branco, homem & mulher. A Obra sempre está aberta, basta você passar as páginas. Boa viagem. Bons sonhos. aniel Barbosa, Salvador-Ba, 2004. 1-Nota do Autor: Trocadilho com o título da obra teórica do Pintor Paul Klee, Confissão Criadora. 2-Paul klee na sua Confissão Criadora, Sobre a Arte Moderna e Outro Ensaios:Paul Klee, Jorge Zahar Editor, ed. 2001. 3-Blaise Cendrars num artigo de 1914 sobre Robert Delaunay, O Momento Futurista (The Futurist Moment: Avent-Guerre, Avent-Guerre, and the Language of Rupture) Marjorie Perloff, Texto & Arte 4, Edusp, 1993.

19.4.04

DANIEL BARBOSA - UM GRITO NO NOVO MILÊNIO Artista plástico nascido na cidade de Alagoinhas, interior da Bahia, Daniel Barbosa cresceu influenciado por tudo que o cercou, tanto de aspectos pitorescos baianos de sua cidade, quanto o que captava pelas mídias impressas e eletrônicas. Desenhista desde criança, seu despertar começou pelo encanto diante do mundo maravilhoso das histórias em quadrinhos e dos desenhos animados, passando pela já exigente audição da boa música. Seu olhar curioso ante as criações do mundo o levou para os primeiros contatos com a pintura, da qual se rendeu tomado por uma paixão incondicional e avassaladora. A partir desse encontro, onde ele vislumbrou o sentimento do artista materializado numa criação, houve a descoberta de que daquele momento em diante suas mãos nunca mais seriam as mesmas. Sempre marcado pela sua intensa brasilidade, o adolescente d..b se misturava às suas obras em cores vivas e alegres. Logo tornara-se destaque entre professores e especialistas em Arte, participando de salões de artes, exposições coletivas e individuais e cursos correlacionados. Suas obras são profundamente marcadas pela infância em Alagoinhas, palco das primeiras impressões e concepções estéticas de seu olhar poético. Nesta cidade, surge seu mentor e parceiro de momentos únicos da materialização da vontade de criar e mudar, Eduardo Boaventura, que se tornaria seu grande amigo e incentivador; e divide hoje o prazer de pintar com a função de Secretário Cultural de Alagoinhas. A forte influência da cor amarela nas obras de d..b é fruto desta áurea amizade. Atualmente, Daniel Barbosa estuda na Escola de Belas Artes da UFBA, além de estar ampliando e desenvolvendo seus conhecimentos em outras áreas de Criação através da Computação Gráfica, numa evolução aos novos tempos, mesclando suas fortes influências do notório passado com tudo que o mundo cibernético pode oferecer em novas manifestações da Arte. A sua obra vai além dos sentidos. Sua visão abstrata dá vida e forma a interpretações que não aparecem diante de nossos olhos. Os grandes contrastes de cores reforçam essas formas e delimitam o que apenas nossa mente ousa arquitetar. Na busca por novos conceitos estéticos, o artista está sempre pesquisando sobre a cultura brasileira. Embora bombardeado por culturas externas (sendo um filho do início da globalização), tenta mostrar o que há de mais marcante na nossa cultura, nas nossas pinturas rupestres, no nosso artesanato e no próprio povo, que é uma presença assídua no trabalho de Daniel Barbosa. Já tendo morado no centro da cidade de Salvador, entrelaçado por toda agitação e construções arquitetônicas ainda com elementos antigos, sente o nascer de uma nova vontade de criar, motivada por uma inspiração que sempre interage com o ser humano, objetos, prédios, produtos a venda nas ruas, carros e os personagens desconhecidos de seu dia-a-dia, que protagonizam suas telas. O espaço da tela se torna um palco, onde atuam seres diversos, encenando um cotidiano colorido e distorcido - uma parábola da realidade frenética de nossos dias. Recentemente, Daniel Barbosa está produzindo uma série de flores pintadas com tintas mutantes em água, influenciadas pela aquarela. Flores personificadas como uma recriação da realidade. Flores de sonhos, bálsamos para os olhos em tons suaves de cores quentes como o Laca Gerânio, o Magenta, o Alizarin Crimson e o Amarelo de Cádmio Escuro. Quaisquer que sejam suas novas invenções, que sempre surpreendem, ainda diante do inesperado e da marca inusitada em suas obras, sabemos que podemos esperar sempre a psicodelia e o encanto de quem reinventa o mundo e seus pensamentos. Isis Serra - marchand e publicitária, formada pela Universidade Católica do Salvador, desde 2001. Apesar da pouca idade (26 anos) atua no mercado baiano há 12 anos (coordenação de sistema educacional), dentro dos quais 4 anos são dedicados especificamente ao Marketing. Sua paixão pelas artes, em especial Poesia, incentivou-lhe a criação de 6 obras poéticas, com alguns projetos atuais que vão além de sua publicação na web.

17.4.04

O Grande Dilúvio, acrílica sobre tela, 60 x 50 com, Daniel Barbosa, 2003. Vendido (acervo do Dr. Luciano Laranjeira). A idéia para esse quadro me veio quando eu lia um livro Sobre o grande dilúvio. Não só a Bíblia relata sobre uma chuva gigantesca que inundou a terra inteira, matando toda a civilização sobre a terra, mas também muitas outras culturas cultivam essa história/lenda. Eu me encantei com o poder pictórico dessas histórias, que sempre conta sobre um personagem que se salva do dilúvio, e que tem a missão de repovoar a Terra. O resultado desse quadro foi uma arca de Nóe com uma certa influencia nordestina, de tudo aquilo que eu assimilei como morador de uma cidade do interior da Bahia. A arca se transforma em barca, e toda imponência do gigantesca meio de transporte de Nóe se transforma em algo mais simples, modesto. Em breve retomarei esse tema em outra obra. A forma de mosaicos pequenos que formam o desenho vem da minha predileção e influencia da arte cristão primitiva, com seus mosaicos, do mestre Paul Klee e dos vitrais Franceses e romanos. d..b 2004

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